Desafios e Perspectivas da Economia Brasileira em 2024: Crescimento, Inflação e Dívida Pública

        A economia brasileira continua demonstrando sinais robustos de expansão em 2024, conforme o Boletim Focus do Banco Central (BACEN) divulgado em 21 de outubro de 2024. A projeção do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano aponta um crescimento de 3,05% em relação a 2023. Embora as previsões para 2025 sejam mais moderadas, em torno de 1,93%, o crescimento econômico atual tem sido expressivo, com a criação de postos de trabalho e a redução da taxa de desemprego. Esse cenário realmente estimula a produção e gera empregos, promovendo uma recuperação econômica.

        No entanto, por mais positivo que esse cenário seja, ele deve ser equilibrado com o controle fiscal. O mesmo boletim também projeta um aumento da dívida pública, que poderá fechar o ano em aproximadamente 80% do PIB. A Instituição Fiscal Independente (IFI) já alertou para a necessidade urgente de cortes nos gastos públicos e da implementação de políticas de austeridade fiscal, além de ampliar a arrecadação de impostos. Sem essas medidas, o aumento contínuo da dívida resultará em taxas de juros mais altas e menor capacidade do governo de investir em áreas críticas, o que representa um risco fiscal significativo.

        Em comparação com a gestão anterior, que enfrentou um crescimento da dívida pública para taxas entre 77% a 84% do PIB durante a pandemia de COVID-19, quando os governos precisaram intervir com grandes pacotes de auxílio, a atual administração conseguiu reduzir a dívida para 78,5% do PIB em 2023. Entretanto, já se nota um novo aumento, chegando à casa dos 80%, conforme citado.

        Além da dívida, o BACEN também destacou o problema do hiato do produto, que reflete a dificuldade da oferta em acompanhar a crescente demanda. Isso pressiona a inflação, que, para 2024, tem projeção de 4,5% ao ano, no teto da meta estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), que vai de 1,5% a 4,5%. É importante frisar que gastos públicos não necessariamente impulsionam o crescimento econômico se não forem bem direcionados para promover investimentos sustentáveis.


        Todavia, se por um lado, é crucial desonerar a produção interna e aumentar os investimentos industriais para que a oferta atinja um patamar tolerável de equilíbrio com a demanda atual, por outro, é fato que essa é uma medida de longo prazo. Precisamos de uma medida urgente para o controle e equilíbrio da inflação que torne o crescimento econômico do país suficientemente sustentável. É impossível crescer sem o devido preparo da cadeia produtiva, e isso está claro nas projeções do Boletim Focus atualizado. Estamos crescendo, mas já passamos pelo eterno gargalo que impede a continuidade desse processo: gastos públicos sem direcionamento, carga tributária elevada, incapacidade de desenvolver a tecnologia necessária para incremento da produção, maquinário ultrapassado, mão-de-obra despreparada e desmotivada, baixos investimentos produtivos e muitas outras variáveis que vêm levando a Administração Pública a tomar decisões como a de elevar a Taxa Básica de Juros constantemente.

        Nos últimos dez anos, a média da inflação refletiu um ciclo de crescimento insustentável e a geração de empregos muito aquém do ideal, ou seja, o pleno emprego, ponto em que a mão-de-obra passa a ser mais valorizada. Se o governo não assumir uma posição pelo crescimento econômico real, buscando soluções para reduzir os gastos e promover uma produção interna mais sólida, aplicando os recursos de maneira inteligente, combatendo a corrupção que leva reais e mais reais para fora do país, continuaremos presos a um ciclo vicioso de aumento e redução das taxas de juros, perdendo assim oportunidades de crescimento sustentável a cada ano, vivendo de ilusões e utilizando nossa inteligência para criticar as nações que deram o real resultado.

        Um outro fator a merecer atenção dos economistas é a possível manutenção da redução da Taxa de Juros básica dos Estados Unidos, frente ao movimento contrário da SELIC aqui no Brasil, que vem sendo elevada a cada reunião do COPOM. Aposta-se que a taxa básica de juros do Brasil venha a fechar 2024 em 11,75% a 12% ao ano. Esse cenário pode fazer com que haja um fluxo maior de capital estrangeiro no país, revertendo em valorização do real frente ao dólar, fomentando as importações e arrefecendo as exportações, prejudicando a nossa balança comercial.

        Mais uma vez, podemos concluir que, embora diante de tantos dados positivos, temos ainda outros tantos anulando toda a equação. Podemos iniciar 2025 muito longe do que é esperado para uma nação tão rica em recursos como é o Brasil.

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