SELIC em direção a 12% ao ano em 2024? Encarecimento do crédito imobiliário?
Mais uma vez, os analistas do Comitê de Política Monetária (Copom) elevaram as estimativas para a taxa SELIC em 2024. Após a última decisão de aumentar a taxa em 0,25 ponto percentual, passando de 10,5% para 10,75% ao ano, o Boletim Focus, divulgado em 20/09/2024 e atualizado hoje, 23/09/2024, reforça as expectativas de que a SELIC seguirá em alta até, pelo menos, o final deste ano, podendo atingir 11,50% ao ano.
O PIB do segundo trimestre de 2024 registrou um crescimento
de 1,4% em relação ao trimestre anterior, o que levou à revisão da projeção de
crescimento anual para 2,96%, com potencial de alcançar 3%. Esse foi o sexto
ajuste consecutivo nas previsões, indicando um aumento da atividade econômica.
Embora isso represente um cenário positivo para o mercado e para os
investidores, ainda persiste uma preocupação com os desafios internos, como
gargalos logísticos, e as incertezas no cenário internacional.
Nos Estados Unidos, a recente redução da taxa de juros pode
intensificar o fluxo de investimentos para mercados emergentes, como o Brasil,
que se torna mais atraente para investidores que buscam retornos mais elevados.
Com isso, há uma expectativa de maior entrada de divisas, especialmente
dólares, valorizando o real. Entretanto, essa valorização pode pressionar a
inflação em 2025, possivelmente levando-a a ultrapassar a meta de 4,5%
estabelecida pelo Copom.
No âmbito global, os conflitos no Oriente Médio, envolvendo
Israel e grupos terroristas, e na Europa, com a guerra entre Rússia e Ucrânia,
continuam sem sinais de resolução. A continuidade desses embates mantém o
cenário geopolítico incerto, impactando cadeias de suprimentos globais e
dificultando projeções econômicas mais estáveis.
Além disso, a inflação para 2024 segue em tendência de alta,
com o Boletim Focus indicando, pela décima semana consecutiva, um aumento na
previsão, agora estimada em 4,37%. A mesma trajetória foi observada para 2025,
com a projeção subindo de 3,95% para 3,97% ao ano. Esse cenário inflacionário,
impulsionado tanto pelo crescimento econômico quanto pelos preços
administrados, requer uma atenção especial do Copom, que busca manter a
inflação dentro da meta e sustentar o crescimento econômico.
Diante desses desafios, o mercado e os analistas esperam que
a SELIC termine 2024 e inicie 2025 em torno de 11,50% a 12% ao ano. No entanto,
considero que uma taxa de 11,25% seria mais adequada para equilibrar o controle
inflacionário com o crescimento econômico, visto que o PIB projetado para 2025
deve ser inferior ao de 2024, com um crescimento estimado de 1,90%, sugerindo
uma leve desaceleração econômica.
No setor imobiliário, a alta da SELIC traz impactos
significativos. Para contratos de financiamento com taxa variável, haverá um
aumento nas parcelas mensais, enquanto os contratos com taxa fixa devem
permanecer inalterados. Novos contratos, firmados após o aumento, terão juros
mais elevados, o que reduzirá o valor financiado e encarecerá o crédito. É
importante lembrar que os efeitos das mudanças na SELIC geralmente demoram
cerca de seis meses para serem totalmente sentidos no mercado. Anteriormente, esperava-se
que a taxa pudesse se estabilizar em torno de 9% ou 10% ao ano, mas as atuais
condições indicam uma necessidade de elevação maior, podendo chegar a 11,50% ou
até 12%, conforme as últimas previsões do Boletim Focus e do mercado.
O atual contexto econômico exige uma análise cuidadosa e uma
abordagem estratégica por parte de investidores, consumidores e agentes do
mercado. A elevação contínua da SELIC, aliada a um cenário inflacionário em
ascensão e a incertezas globais, desafia o planejamento financeiro para 2025,
especialmente no setor imobiliário. Para quem busca crédito ou investimentos no
mercado de imóveis, é fundamental acompanhar as tendências e ajustar
expectativas, considerando os efeitos de médio e longo prazo das decisões do
Copom.
Como já mencionado em posts anteriores, o ano de 2025 deverá ser marcado pela continuidade da política restritiva que vivemos atualmente, sem grandes expectativas de um crescimento econômico extravagante. No entanto, podemos esperar um crescimento contínuo e discreto no próximo ano, o encarecimento do crédito imobiliário e a continuidade da política de corte de gastos públicos que impede o crescimento sustentável do país.
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