O que nos diz o Boletim Focus de 06/09/2024
Apresentado ao público em 09/09/2024, o Boletim Focus de 06/09/2024, divulgado pelo Banco Central do Brasil (BACEN), trouxe expectativas desafiadoras para os próximos meses.
A previsão da inflação medida pelo IPCA subiu de 4,26% para 4,30% em 2024, enquanto a projeção para 2025 permaneceu estável em 3,92%. Pela primeira vez, os analistas aumentaram a previsão da taxa SELIC, ajustando-a para 11,25% em 2024 e para 10,25% em 2025. O aumento de 0,75 pontos percentuais para 2024 e 0,25 pontos percentuais para 2025 reflete a necessidade de um controle mais rigoroso sobre a inflação, que vem se aproximando do teto da meta de 4,50% para 2024. Isto é, vislumbrando um distanciamento da meta também em 2025, visto que o centro da meta de inflação nesses dois anos é de 3% ao ano.
Além disso, a última divulgação do INCC-DI, referente a agosto de 2024, revelou um índice de 0,70%, acumulando 5,23% em 12 meses (set/2023 a ago/2024) e 4,27% no acumulado de 2024. Já a previsão do IPCA Administrados foi elevada de 4,79% para 4,83%, o que confirma a expectativa de aumento da inflação, embora se fale em um índice sob controle. Ou seja, esses dados indicam um aumento da inflação em 2024, ressaltando a necessidade de um controle mais rigoroso ao longo de 2025 para evitar uma quebra dos fundamentos que mantêm o índice dentro da banda de 1,5% a 4,50%, já que o governo busca um crescimento sustentado para os próximos anos.
Se as previsões se confirmarem, podemos esperar que a SELIC continue em dois dígitos em 2025, variando entre 10% e 11% ao ano. Isso pode resultar em um arrefecimento da demanda, contrariando as expectativas das construtoras e incorporadoras que preveem um aumento no número de novos lançamentos para 2025. Esse cenário pode refletir no encarecimento do crédito, especialmente no financiamento imobiliário.
Observou-se um aumento significativo da demanda no Brasil em 2024, confirmado pelo crescimento do PIB de 0,8% no primeiro trimestre e 1,4% no segundo trimestre do mesmo ano. Esse crescimento atesta a melhora positiva no consumo das famílias e investimentos.
Em outras palavras, o ambiente econômico tem sido favorável, com o mercado de trabalho aquecido, acusando aumento da renda e inflação, embora em ascensão, ainda sob controle. Lembrando que a previsão do índice medido pelo IPCA, mantendo-se as variáveis atuais, estabilizou-se em 3,92% para o ano vindouro.
Até o presente, registrou-se um aumento significativo de postos de trabalho no Brasil. O país gerou mais de 1,3 milhão de empregos no primeiro semestre do ano, sendo o setor de serviços o maior responsável por esse crescimento. Isto é, a expectativa é de uma economia ainda enrijecida para 2025, porém bem fundamentada, com o governo ainda perseguindo o centro da meta de 3%.
Na outra ponta, prevê-se o câmbio em R$ 5,35 por dólar em 2024 e em R$ 5,30 em 2025, portanto, em equilíbrio e estável. No entanto, o ponto negativo é a questão dos gastos governamentais, que aumentaram, gerando um déficit superior a R$ 79,2 bilhões nas primeiras semanas do ano. Acredita-se, no entanto, em um déficit de aproximadamente R$ 73,5 bilhões para 2024 – inferior ao anteriormente verificado, mas ainda significativamente alto, segundo o mercado.
Aqui está a preocupação: o governo tem se esforçado para cortar os gastos, focando nos benefícios do INSS, o que afeta diretamente aposentados e pensionistas. O objetivo é economizar R$ 25,9 bilhões em 2025, mas a economia alcançou até o momento apenas 40% do total previsto para o ano corrente. Portanto, até onde esse esforço será necessário? Quem sentirá seus efeitos e quais serão os impactos sobre a economia?
Continuaremos cortando investimentos em saúde, educação, segurança e aposentadoria para compensar os gastos exacerbados e ineficazes do governo, resultando em uma economia frágil. Embora estejamos vislumbrando um bom crescimento econômico, ele permanece fragilizado, como tem sido nos últimos anos. Isso resulta em um aumento da SELIC e na consequente política restritiva que se aplica ao país, a qual, mais cedo ou mais tarde, leva a novos cenários de redução da produção e, por fim, ao desemprego.
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