Minha Casa Minha Vida e o Novo Ano
Apesar dos desafios enfrentados ao longo do ano de 2023, o mercado imobiliário revelou-se notavelmente promissor. O restabelecimento do Programa Minha Casa Minha Vida, conforme originalmente proposto pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), trouxe consigo não apenas a continuidade esperada, mas também inovações significativas.
Destaca-se o aumento do subsídio para aquisição de imóveis e
a redução das taxas de juros destinadas ao financiamento de famílias com renda
mensal de até R$ 2 mil. Além disso, houve um incremento no valor máximo dos
imóveis disponíveis para compra pela faixa de renda mais elevada.
Em novembro de 2023, o governo iniciou o Novo Minha Casa
Minha Vida, introduzindo melhorias como a inclusão de bibliotecas e varandas
nas unidades habitacionais. Vale ressaltar que o programa agora abrange também
pessoas em situação de rua como potenciais beneficiários dessa iniciativa.
Aumento da renda vai
favorecer as famílias
A reformulação do Programa abrange o aumento da renda
familiar em cada faixa, ampliando, dessa forma, o acesso a um grupo mais
abrangente de beneficiários que buscam adquirir seu primeiro imóvel. Essa
mudança se aplica tanto aos indivíduos que serão contemplados com uma habitação
pelo Governo Federal quanto àqueles que desejam financiar seu próprio imóvel.
Veja como ficaram as novas
Faixas de Renda Familiar:
Faixa 1: famílias
com renda mensal de até R$ 2.640,00;
Faixa 2: para
famílias com renda entre R$ 2.640,01 e R$ 4.400,00;
Faixa 3: para
famílias com renda mensal entre R$ 4.400,01 e R$ 8.000,00.
Mudanças no HIS e HMP
para São Paulo
O decreto mais recente da Prefeitura do Município de São
Paulo, de número 63.122, datado de 4 de janeiro de 2024, trouxe alterações
significativas nos critérios de renda familiar para a elegibilidade nos
programas de Habitação de Interesse Social (HIS) e Habitação de Mercado Popular
(HMP). As novas condições estabelecidas são as seguintes:
HIS1: Renda
familiar mensal até R$ 4.236,00 ou Renda per capita mensal até R$ 706,00;
HIS2: Renda
familiar mensal de R$ 4.236,01 a R$ 8.472,00 ou Renda per capita mensal de R$
706,01 a R$ 1.412,00;
HMP: Renda
familiar mensal de R$ 8.472,01 a R$ 14.120,00 ou Renda per capita mensal de R$
1.412,01 a R$ 2.118,00.
R2V: o programa Residência para Vida (R2V)
permanece sem limite de renda familiar e está dentro do Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo (SBPE).
Já para a as famílias
residentes em áreas rurais, a renda familiar para imóvel rural passa para:
Faixa 1: até R$
31.680,00 (anual);
Faixa 2: de R$
31.680,01 até R$ 52.800,00 (anual);
Faixa 3: de R$
52.800,01 até R$ 96.000,00 (anual).
O aumento do valor do
imóvel
De acordo com o porte de cada cidade, as necessidades
apresentadas em cada localidade, a faixa de renda, etc., o novo MCMV modificou
os valores dos imóveis para cada faixa de renda familiar. Isso visa promover
imóveis melhores para os candidatos ao programa e aqueles que buscam
financiamento.
Os novos valores para
Empreendimentos que contemplem cada faixa de renda, de maneira geral, ficaram
assim:
Faixa 1 Subsidiado: até
R$ 170.000,00;
Faixa 1 e 2
Financiado: até R$ 264.000,00;
Faixa 3 Financiado:
até R$ 350.000,00.
No caso dos imóveis
rurais, as novas condições seguem a seguinte lógica:
Para novas moradias:
o valor máximo passou de R$ 55.000
para R$ 75.000;
Para melhoria de uma
moradia: o valor passou de R$ 23.000 para R$ 40.000
Melhores taxas de
Juros
Comparado ao SBPE, que mantém taxas de juros de
financiamento em torno de 10% a 13% ao ano, o Minha Casa Minha Vida surge como
uma opção consideravelmente mais atrativa. Ele oferece taxas mais baixas e um
montante de crédito superior para os consumidores, mesmo quando comparado a
outras formas de crédito, como o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e
empréstimos bancários convencionais.
Na faixa 1, analistas observam que a redução das taxas de
juros de financiamento imobiliário atingiu o menor patamar da história do FGTS,
chegando a 4% ao ano nas regiões Norte e Nordeste, e a 4,25% ao ano nas demais
regiões, para famílias cotistas com renda de até R$ 2 mil mensais.
Para as faixas 2 e 3 do MCMV, os juros máximos alcançam
8,16% ao ano (taxa efetiva) para os cotistas, representando as taxas mais
baixas do mercado. Isso aumenta o poder de financiamento das famílias,
garantindo um acesso ampliado a imóveis de qualidade superior.
Tabela geral de taxas de juros (Minha Casa Minha Vida), ano: 2024
Aumento do Subsídio
O desconto oferecido no valor da entrada para aquisição do
imóvel, que era de R$ 47,5 mil na Faixa 1, foi aumentado para R$ 55 mil
(considerando as condições do Programa NMCMV e a presença de dependentes). Com
essa revisão, o Governo Federal torna os imóveis novos mais acessíveis para as
famílias de baixa renda. Isso representa uma oportunidade para muitas famílias
que não foram aprovadas no financiamento imobiliário em 2023 e que agora,
tenham a chance de aprovação em 2024.
É importante destacar que a prestação de financiamento com a
Caixa Econômica Federal não pode ultrapassar 30% da renda bruta do solicitante.
Ou seja, esse cálculo abrange todos os vencimentos acumulados no mês, incluindo
o salário bruto (registrado em carteira) e outros benefícios, como 13º salário,
férias e participação nos lucros, etc.
Por outro lado, as famílias beneficiadas na Faixa 1, além de
pagarem prestações mensais proporcionais à sua renda, estarão sujeitas a um
valor mínimo de R$ 80,00 por mês, válido por um período de 5 anos.
Melhorias nas
especificações dos Imóveis
A fim de assegurar moradia de qualidade aos beneficiários, o
NMCMV traz novidades para este ano, incluindo um aumento na área mínima das
unidades: 40 m² para casas e 41,50 m² para apartamentos, além da introdução de
varandas, salas de biblioteca e equipamentos para prática esportiva. Embora
alguns desses equipamentos já fossem observados em projetos anteriores,
acredita-se que, com a nova regulamentação, possam se tornar uma tendência mais
acertada.
Os empreendimentos urbanos devem estar localizados em áreas
próximas a infraestruturas já consolidadas, garantindo acessibilidade ao
transporte público, escolas, universidades, serviços de saúde, comércio, entre
outros.
Analisando sob a perspectiva do Plano Diretor de cada
cidade, a questão das vagas para automóveis continua sendo um tema a ser
discutido. Especialmente em municípios como a Cidade de São Paulo, as
prefeituras mantêm seu posicionamento em relação ao assunto, seguindo a
proposta de manter incentivos para empreendimentos próximos ao transporte
público. O objetivo é reduzir o tráfego de veículos nos grandes centros
urbanos, visando amenizar o trânsito e a poluição causada pelos automóveis.
Selic em queda
O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, conhecido
como SELIC, que é a taxa básica de juros da economia brasileira, foi reduzido
durante a última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central
(BACEN), realizada entre os dias 12 e 13 de dezembro de 2023.
Desde agosto de 2023, o COPOM vem implementando reduções na
SELIC. Inicialmente, a taxa estava em 13,25% a.a. naquele mês, encerrando
dezembro do mesmo ano em 11,75% a.a. Essa decisão foi motivada pela inflação
estar sob controle, mantendo-se dentro da faixa da meta, que varia de 1,75%
a.a. a 4,75% a.a. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou
acumulado no ano de 4,62% a.a., colocando o Brasil como o 7º país com maior
índice no G20, o fórum internacional que reúne as principais economias
desenvolvidas e em desenvolvimento (Brasil Escola, 2024).
Apesar disso, de acordo com o Conselho Monetário Nacional
(CMN), o resultado é animador, pois desde 2020 a meta não era atingida. Isso
confirma as expectativas do Governo Federal e do mercado financeiro, que
preveem um cenário de controle da inflação nacional.
Com base nesses dados, tanto o BACEN quanto o mercado,
avaliam o ano de 2024 como propício para a redução da SELIC para um dígito ou,
aproximadamente 9,0% ao ano, mantendo a inflação controlada dentro da meta de
1,5% a.a. a 4,5% a.a., com o centro em 3% a.a.
O Boletim Focus, divulgado em 06/11/2023, projeta a inflação
de 2024 em 3,91%, mantendo as condições atuais. Apesar de alguns economistas
apostarem em um cenário mais pessimista, onde a inflação estará mais próxima do
pico máximo da meta de 4,5%. Verdade que permanece sob controle, e isso é
bastante positivo para a economia brasileira, embora o mesmo boletim informe
uma projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2,92% para 2023 e
1,59% para 2024, representando uma queda significativa em relação ao ano
anterior.
Equilíbrio?
Apesar disso, o cenário atual demonstra certo controle sobre
a pressão inflacionária, e já se menciona a possibilidade de desinflação, um
processo no qual a inflação começa a declinar mesmo que gradualmente.
Outro ponto que traz otimismo ao mercado é o anúncio do
controle dos gastos com o objetivo de atingir um déficit zero nas contas
públicas, feito pelo Ministro da Fazenda, Sr. Haddad.
Embora analistas mais atentos considerem impossível alcançar
uma meta de déficit zero, a busca por esse objetivo, sinaliza ao mercado a
intenção do Governo Federal de controlar e organizar suas finanças de maneira
mais eficaz.
Se o plano for efetivamente implementado, surgirão duas
vertentes complexas nessa equação: manter o crescimento econômico enquanto se
reduz os gastos necessários para cumprir a meta, o que pode resultar em uma
desaceleração desse almejado crescimento.
O mercado de imóveis
Por fim, o ano de 2023 revelou-se promissor para o mercado
imobiliário, experimentando um crescimento notável de 14,4% nas vendas nos sete
primeiros meses, em comparação ao mesmo período de 2022. Esse impulso
significativo foi impulsionado pelo Novo Minha Casa Minha Vida, conforme
apontado pelo índice ABRAINC-FIPE. No entanto, a Câmara Brasileira da Indústria
da Construção (CBIC) registrou uma queda de 16% nos lançamentos nos primeiros
nove meses de 2023, comparado a 2022.
Uma notícia encorajadora emerge com as previsões da CBIC,
indicando que a indústria da construção antevê um crescimento de 2,5% em 2023,
marcando três anos consecutivos de expansão. Isso, apesar dos desafios, como o
ritmo mais lento de crescimento econômico, baixos investimentos e o
endividamento das famílias.
Para 2024, espera-se um aumento de 1,3% nos preços dos
imóveis, especialmente se as reduções na taxa de juros básica da economia, a
SELIC, se concretizarem. Esse acréscimo nos preços é resultado da crescente
demanda por imóveis, impulsionada pela diminuição nas taxas de juros do
financiamento imobiliário, derivada da queda na SELIC. Acredita-se que isso
funcionará como um catalisador, propulsando o mercado imobiliário neste ano e
potencialmente inaugurando um novo ciclo de lançamentos.
É animador saber que o orçamento proposto pelo Governo
Federal para o NMCMV em 2024 é de R$ 13,7 bilhões, um aumento notável de 41% em
relação aos R$ 9,7 bilhões destinados em 2023. Isso representa um retorno à
proposta inicial do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, onde o Governo
Federal busca ampliar o volume de financiamentos imobiliários, visando incluir
um número ainda maior de famílias no Programa Minha Casa Minha Vida.
Com todas essas iniciativas consolidadas, podemos antever um
ano promissor para o mercado imobiliário, criando um cenário mais positivo para
as famílias que almejam dar um passo significativo rumo à conquista de suas
moradias próprias.
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