Ontem o BACEN reduziu as taxas de Juros e o que isso tem a ver comigo?

O BC reduziu a SELIC, mas porque?

Primeiramente, precisamos entender a função da SELIC na economia brasileira, pois ela é a taxa básica de juros e norteia as demais (taxas de juros) configurando-se como referência para empréstimos e investimentos, desse modo, influencia significativamente o retorno esperado em investimentos e a disponibilidade de crédito no mercado.


Quando a SELIC apresenta taxas elevadas, empréstimos e financiamentos tendem a ficar mais caros e, espera-se uma demanda menor por crédito, isso se traduz em uma tendência de redução na demanda (efetiva) ou seja, as pessoas compram menos e as empresas investem menos, levando a um decrescimento da oferta de bens e serviços, por conseguinte, contratações (menos emprego) e queda da renda. Por outro lado, os índices de inflação sofrem uma tendência de queda (espera-se isso).

Entretanto, ao elevar a SELIC, o BACEN aplica uma Política Monetária restritiva, por isso o encarecimento do crédito, "retirando" da economia o "excesso" de dinheiro que causa a inflação, reduzindo assim a atividade econômica. Todavia, uma pressão por taxas muito elevadas podem levar a estagnação dessa atividade econômica, ou seja, uma exagerada "paralisação" da economia. Em outras palavras: deflação.

O inverso é verdadeiro, a redução da SELIC pode gerar aumento da atividade econômica e provocar um processo de inflação, isto é, aumento de preços de bens e serviços, devido a uma maior disponibilidade crédito. 

Existem outros fatores que podem influenciar nesse processo, tanto internos (referentes à nossa economia), quanto externos (consequências de políticas econômicas de outros países, alterações nos níveis de importação, guerras, crescimento mundial e por aí vai).

Desse modo, a tendência de redução na SELIC vem demonstrando (pelo menos no momento atual) a confiança do Governo em sua Política Monetária, aparentemente menos restritiva (o que muitos chamam de contracionista) e possivelmente, no futuro, tenhamos uma Política Monetária mais Expansionista, o que é bom para saúde econômica, pois tende a gerar mais emprego e renda devido a uma possibilidade de aumento da demanda (efetiva) com um afrouxamento, mesmo que "pequeno", dos laços das taxas de juros, aliviando empréstimos e financiamentos, dando ânimo ao aumento da oferta de bens e serviços.

Para o mercado imobiliário, isso é visto com bons olhos, visto que o financiamento de imóveis pode se tornar mais atrativo e trazer mais pessoas dispostas a comprar. Ainda, as novas medidas tomadas pelo Governo Federal em relação ao Minha Casa Minha Vida, podem e, acreditamos que sim, dar mais fôlego aos candidatos à novos imóveis, fomentando o mercado em 2024.

Mesmo que o financiamento imobiliário não tenha uma correlação perfeita e diretamente proporcional à redução ou elevação da SELIC, há uma possibilidade de melhora significativa nas operações de crédito para esse fim. Outro fato que influencia essas operações é que boa parte do crédito oferecido pelos bancos vem da poupança e, essa precisa estar bem ajustada, a fim de dar força ao sistema. Entendemos, do ponto de vista das Ciências Econômicas, o financiamento como uma das muitas formas de empréstimo(crédito) concedidos ao futuro comprador de um imóvel.

O Programa Minha Casa Minha vida se beneficia de outros recursos, os quais o Governo Federal tem se demonstrado disposto a favorecer para beneficiar projetos e lançamentos em todo o território nacional, animando assim o mercado e projetando um 2024 mais movimentado para o setor.

No entanto, se o crédito tende a ficar mais "barato", o investimentos, cujos rendimentos baseiam-se em renda fixa tornam-se menos atrativos, fazendo os investidores procurarem ativos de renda variável com taxas de retorno melhores. 

No momento, segundo os especialistas, os ativos de renda fixa ainda podem ser uma boa maneira de se conseguir bons retornos, porém, com a expectava de maior redução da SELIC no próximo ano, é bem provável que os Ativos de Renda Variável se tornem muito mais atraentes, traduzindo-se em retornos maiores que sua contraparte.

Outra boa notícia é a redução da dívida pública, pois a Selic serve como referência para os títulos (da dívida) emitidos pelo governo. Esses títulos emitidos no mercado financeiro servem para financiar a máquina estatal, a fim de captar recursos para execução de obras e manutenção do Estado, por exemplo. A redução da SELIC sinaliza uma redução no montante que o Governo deve pagar como retorno aos detentores desses papéis, vez que a taxa de juros é menor no momento do pagamento dos dividendos.

Por que o BACEN reduziu a SELIC?

Vou atentar a dois fatores:

Uma boa resposta está no último relatório do Comitê de Política Monetária (COPOM), documento oficial utilizado para informar e esclarecer as medidas econômicas e financeiras adotadas ou a serem adotadas. 

O relatório aponta que o indicador do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em novembro, apontou 0,28% e acumulou 4,68% no período de 12 meses. Tivemos quedas constantes verificadas no fim do primeiro semestre, mas a inflação voltou a subir no segundo (semestre) desse ano, entretanto, os economistas já esperavam esse resultado e acreditam na redução da inflação para mais próxima da meta nos anos vindouros, caso as condições econômicas continuem ao redor do atual patamar.

Com uma inflação menor, é provável haver espaço para uma nova redução da SELIC, todavia, não há sinalização de viés de baixa, mas uma recomendação agradável aos ouvidos de quem espera juros menores. E os economistas já preveem essa possibilidade.

O mercado externo, apesar de bastante tumultuado, demonstrou-se favorável à nossa economia, trazendo esperanças de uma tímida retomada interna, isso pode ser um fator importante nas tomadas de decisão do COPOM em 2024. De fato, o mercado financeiro é bastante instável e qualquer alteração de humor influenciará significativamente a maneira como a Política Monetária será administrada em 2024. Por isso, é bom estar atento às notícias do mercado financeiro, a política externa e interna e especialmente ao fator eleições, tanto na América como aqui.

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