2023: Rumo a 2024 - Desvendando Perspectivas e Contagem Regressiva
Nunca foi tão importante para o brasileiro entender o funcionamento dessa loucura chamada Mercado Financeiro e Política Monetária. Enfim, esse monte de indicadores que sobem e descem a todo momento. Na verdade, compreender cada uma dessas letrinhas, abreviações, índices, etc., é entender melhor o que acontece com o seu dinheiro e ter uma perspectiva para sua tomada de decisão na hora de investir, comprar, vender, ou seja, atuar no mercado .
Por isso, apesar da minha formação em Ciências Econômicas, prefiro uma linguagem mais simples e descomplicada, a fim de levar uma informação mais transparente e limpa para o meu leitor. Vou direto ao ponto!
SELIC
A última reunião do COPOM, o Comitê de Política Monetária do BACEN (Banco Central do Brasil), realizada entre os dias 12 e 13 de dezembro, deu uma sensação de "expectativa positiva" para a Economia. Isso foi conseguido na redução da Taxa Básica de Juros, do SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), em 0,5 ponto percentual, encerrando o ano em 11,75% (o menor patamar desde março de 2022). Se as expectativas do COPOM para 2024 se confirmarem, a SELIC poderá encerrar dezembro do próximo ano em 9,25%, de acordo com o Boletim Focus da própria instituição.
INFLAÇÃO
Por outro lado, embora a meta de inflação para 2023 fosse de 3,25% (dados do BACEN), as projeções apontavam em torno de 4,6%. Estima-se que se feche nesse patamar, ainda dentro do intervalo de tolerância estipulado de ±1,5 ponto percentual, ou seja, um índice entre 1,75% a 4,75%, muito próximo do pico máximo do intervalo. Entre os economistas, as projeções que apontavam para um índice em torno de 4,54% foram reduzidas para 4,51%, enquanto o Governo já projetava 4,66%, não os 4,85% como havia feito anteriormente.
Semos para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que avalia o custo de vida e o poder de compra do brasileiro, a projeção ficou em torno de 4,04% neste ano. Além disso, alguns especialistas acreditam que a inflação deve fechar 2024 ainda acima da meta, mas dentro do intervalo. Ou seja, podemos considerar que no próximo ano a inflação permanecerá alta com as perspectivas de redução da SELIC.
Maravilha, até porque o Banco Central estima o crescimento da economia brasileira em 2023 por volta de 3,0% (conforme verifiquei no site da Folha de São Paulo e BACEN), a inflação projetada para 2023 é de 4,6%, então em 3,5% em 2024 e finalmente 3,2% em 2025. Esperamos até a próxima reunião do COPOM em 30 e 31 de janeiro com a perspectiva de mais uma redução da Selic.
IMPACTO NA ECONOMIA
A redução da Taxa Selic promete impactar eficazmente as contas do Governo. Este é um ponto crucial, pois espera-se que tal medida resulte na redução da dívida pública no próximo ano, uma vez que uma parte significativa da dívida federal esteja diretamente vinculada a esse imposto.
Além disso, o Governo Federal demonstra intenção de seguir com reduções adicionais na Taxa Selic ao longo de 2024. Essa perspectiva abre espaço para o aumento na demanda e a possibilidade de um aumento na arrecadação, especialmente após a aprovação do orçamento de 2024 no Congresso. Essas mudanças são alinhadas com as propostas e estratégias delineadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que busca ampliar a arrecadação federal no próximo ano.
Quanto ao crédito, as taxas que regulam empréstimos e financiamentos devem ter uma redução relativamente baixa, especialmente o financiamento imobiliário, pelo menos nesses primeiros meses pós-redução da taxa básica de juros. Em contrapartida, os lançamentos tiveram uma valorização de preços específicos, visto que a demanda continua de certa maneira forte. Isso quer dizer que, mesmo com as mudanças no Minha Casa Minha Vida, poucas mudanças serão observadas em 2024. O mesmo deve ocorrer com o sistema tradicional do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
Para os investidores que têm Ativos em renda fixa, esses índices estão atrelados à SELIC e à inflação, fico com a posição dos colegas economistas que indicam cautela e uma análise muito minuciosa de seus investimentos. A taxa básica ainda se mantém em dois dígitos e pelo menos, no primeiro semestre de 2024, o COPOM não demonstra interesse em reduzir para algo abaixo de 10%, visto que a inflação projetada ainda se mantém acima da meta do Governo. Então, esses Ativos são orientados em um bom retorno para o investidor, especialmente para aqueles com perfil mais conservador.
DADOS DA ÚLTIMA SEMANA
A B3 (Bolsa de Valores) fechou na última semana com um índice acumulado de +1,96% (+0,43 na última sexta-feira) por conta da impressão positiva dos investidores em relação à aprovação do orçamento de 2024 no Congresso e ao avanço do petróleo no mercado internacional. Isso se traduz em uma maior confiança no mercado e no Governo, resultando em mais investimentos para o Brasil.
Já em Nova Iorque (Estados Unidos), por exemplo, as Bolsas tiveram direcionamentos desconexos, com o Dow Jones fechando em -0,05%, enquanto o S&P500 em +0,17% e o Nasdaq +0,19%, visto que os Os dados de inflação dos EUA ficaram abaixo do esperado, com aumento de 0,1% em novembro. O índice subiu 3,1% em relação ao ano anterior. Economistas consultados pela Dow Jones não esperavam nenhum ganho e uma taxa anual de 3,1%. Já na Ásia, a Bolsa de Xangai fechou a -0,13% depois que os grandes bancos chineses cortaram suas taxas de depósitos.
A B3 ainda informa que o saldo de Renda Fixa cresceu 23% em 2023 e representa R$ 1,9 trilhão, e esses produtos de renda fixa puxaram o crescimento do volume aplicado pelas pessoas físicas com alta de 12% em número de investidores, representando 15,6 milhões de pessoas com esses Ativos, sem contar o Tesouro Direto.
Os crescimentos estão ligados ao setor imobiliário maiores LCI (Letras de Crédito Imobiliário) com alta de 41% e CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) com alta de 36%. Por outro lado, a Poupança apurada pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) registrou investimentos de R$ 924 bilhões em 240 milhões de contas, 28% delas com saldo de R$ 10 a R$ 50 mil e 59% com saldo acima de R$ $ $ 50 mil.
CONSIDERAÇÕES
A evolução da demanda permanece incerta, e o comércio aposta nas vendas de Natal para recuperar o ano. No entanto, com a inflação ainda acima da meta, não podemos antecipar grandes mudanças no primeiro semestre de 2024. É preciso conter a inflação, logo, o Governo deve manter a SELIC acima de dois dígitos, embora tenha interesse em reduzir para algo em torno de 9,0% a 9,75%. E não que tangente a política fiscal e o plano de orçamento, ambos serão determinantes na trajetória da taxa básica de juros em 2024.
O interesse é em equilibrar os gastos públicos, mas pelo meio da política de arrecadação que deve ser robusta para o próximo ano. Não há, pelo menos até agora, indicação clara de interesse em cortar gastos, o que pode impactar novamente ou economizar. Por isso, cautela é essencial ao considerar investimentos no mercado financeiro ou, na hora de comprar imóveis. Recomendo uma organização financeira sólida para evitar perturbações desnecessárias na vida pessoal e familiar.
Vendo com olhos do COPOM, este deve exercer cautela ao considerar reduções graves na SELIC, para evitar um aumento abrupto na demanda e, consequentemente, na inflação. Não podemos esperar mudanças drásticas, pelo menos no primeiro semestre de 2024.
Ao entrarmos no novo ano, também é crucial (para nós) manter cautela e atenção aos eventos no cenário internacional. Questões como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, conflitos regionais e disputas territoriais, como a Venezuela e a Guiana, podem influenciar a economia global. Além disso, nossa economia continua dependente de duas potências em dificuldades, China e Estados Unidos, que estão em uma disputa pela hegemonia internacional.
Em relação ao mais, desejo um ótimo Natal a todas as famílias do nosso Brasil e do Mundo!
Para esse artigo foram consultadas as fontes encontradas nos sites da B3, Uol, Folha de São Paulo, ValorInveste, Investing.com, Banco Central do Brasil, Ministério da Fazenda, Gov.br e outras fontes relevantes.
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