A "desprofissionalização" profissional, parte 1
O século XXI deveria ser um marco na história da humanidade, entretanto, nossa história vem sendo marcada por um declínio social nunca antes visto.
Simples atitudes de respeito parecem ter perdido o seu valor
entre os indivíduos, como o uso de palavras gentis: "por favor... com
licença... obrigado... bom dia... e suas variantes". Por outro lado, ainda
parece haver uma inversão de valores nítida nas sociedades, onde o respeito vem
perdendo espaço para a rudeza.
Hoje, a individualidade vem empurrando para longe a
coletividade, boa explicação para a falta de sensibilidade das pessoas, visto
que cada qual preocupa-se apenas com o seu "nariz", o seu
"eu" – sem dar-se conta de que o todo ao seu redor influencia
profundamente sua vida.
Grosso modo, esse é o individualismo social sem sentido nas
palavras das próprias pessoas, as mesmas que utilizam-se do: "já tenho
problemas demais... isso não é da minha conta... tô cheio de problemas pra
resolver..." – como se ninguém mais tivesse problemas. No final,
dissimuladamente postam nas redes sociais a mais belas frases de apoio e falam
de uma moralidade inexistente em suas vidas.
Entretanto, muitos desses problemas são fruto das sementes
plantadas pelo próprio ser-humano, seja por falta de conhecimento, seja pela
sua própria ignorância, a ignorância acompanhada da ausência de humildade. E é
estranho, um paralelo obscuro em um mundo onde o acesso a informação é
ilimitado – pois não deveria esse acesso nos tornar mais sábios?
Estamos nos acostumando a nos acostumar com coisa ruim e entender
isso como normal, então vivemos uma vida irreal em um mundo real. Daí o choque
sofrido por muitos, os quais não conseguem lidar com a vida, pois vivem os
contos de fadas que nunca existiram de verdade. Os contos de fadas das redes
sociais, ferramentas que muitas vezes, por muitas léguas, afastam as pessoas do
conhecimento.
Não existe mais um senso comum do correto e o incorreto,
justo e injusto, ético e antiético, moral e imoral, respeitoso e
desrespeitoso... Há uma distorção da realidade, cujo reflexo é uma sociedade
desestruturada. E por que digo isso?
A cada dia, as pessoas conhecem menos seus direitos e abrem
mão deles, quando ainda pior, refutam as suas obrigações, como se o outro lado não
existisse. Antes do direito vem a obrigação, todavia, a inversão de valores é
tal que, todas as obrigações foram esquecidas. Algo como "Vem a nós o
Vosso Reino", mas o "Seja feita a Vossa Vontade" parece ter
deixado de existir.
"Quero o melhor salário, mas não quero me preparar para
isso, não quero pagar o preço, quero pagar menos, mas continuo a pagar caro,
desejo o melhor, porém nem sei como alcança-lo". É como um alpinista
despreparado de primeira viagem querendo escalar o pico mais alto, na verdade,
sem o conhecimento e técnicas próprias para o seu intento. É obvio que o
insucesso seja real.
É impossível responder uma questão a alguém quando a
insipiência (do latim: insipientĭa) e a presunção (do latim: praesumptionis)
domina o seu mundo. Ideia já estabelecida, mesmo que distorcida, nada se
altera. Ou seja, como posso mudar algo se faço sempre a mesmíssima coisa? Tenho
sempre as mesmas atitudes?
Um exemplo clássico disso acontece nas urnas, quando há o
pleito eleitoral. Salve-me disso! – pois é singular como as pessoas votam em
seus candidatos já antigos. Os mesmos de sempre, com as mesmíssimas ideias e
atitudes e, invariavelmente querem mudanças!
Surpreendente é querer caminhar pela mesma avenida, o mesmo
percurso todos os dias e achar estranho chegar no mesmo lugar, hoje e sempre.
Não se espera seguir pela Rodovia dos Imigrantes (em São Paulo) em direção à
Santos e, da mesma maneira todos os dias, esperando encontrar a cidade de
Asunción (Paraguay).
Há duas frases, as quais gosto muito e valem a pena para
reflexão: “Se você quer mudar os frutos, primeiro tem que trocar as raízes –
quando deseja alterar o que está visível, antes deve modificar o que está
invisível.” (Eker, T. Harv – Os segredos da mente milionária, 2005) e "Insanidade
é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes."
(Einstein, Albert – atribuída).
Essas frases me fazem pensar como somos incapazes de alterar
o nosso destino ou, o destino de nossa nação, apenas por causa da nossa inércia
ou por nos apegarmos a frase "uma andorinha só não faz o verão". Já
que o outro não pensa assim, por que eu o pensaria? Parece simples, mas é tão
somente pensar ao inverso e agir ao inverso. Dê o exemplo.
Inércia é não tomar atitude perante algo que nos aflige,
como um aumento abrupto do preço de determinado produto, cuja explicação é fútil.
Alguns por arrogância, pagarão o preço alto, no entanto, outros por serem
néscios no que tange o seu direito, também pagarão o preço e ainda, alguns
inertes pagarão o mesmo preço por sua inércia. De qualquer forma, aos prantos
pagarão, uns achando bem, outros mal, melhores ou piores.
O fato é: basta não pagar o preço e procurar um concorrente,
procurar outro produto, substituir o substituível, uma vez que, quem complica,
torna um imbróglio é o ser-humano racional agindo irracionalmente. Seja simples
e racional!
Assim na política querendo mudar os rumos da nação, fala da
política, embora não conheça o seu passado. Sem conhecer a história é
impossível entender o hoje, tão pouco encontrar erros ou acertos. Ao invés de
utilizar-se da ciência, utiliza-se de "achismo", entretanto, nada se
resolve por "achismo". E por acaso foi por "achismo" que
Einstein formulou a Teoria da Relatividade e Mozart escreveu suas partituras? –
Ciência meus caros leitores; ciência que envolve conhecimento – leituras,
cálculos e estudos profundos. Ciência que no século XXI está muito mais a mão
que nos anos 1990 (não muito tempo atrás).
Voltando ao ponto inicial, a rudeza, já que ignorando a
pobreza nos achamos livres dos crimes, é nossa inércia que produz a miséria, a
mesma miséria de hoje que criará aquele que o roubará amanhã. Afinal, sendo tão
complacentes com a pobreza, tal maneira que a romantizamos, criamos mais
pobreza. Todavia, nessa miséria se constrói os jovens jogados em uma roleta,
como a de um cassino em jogo de azar. Pode dar um bom... pode dar um mal fruto.
Boa sorte! – Pois não os jogamos à sorte? – Que sorte teremos nós?
Sim, o texto é incômodo... remédios são incômodos e amargos,
mas o fato é que a "amargueza" amarga curando a enfermidade.
E por fim, a "desprofissionalização" profissional
da qual continuarei a falar na parte seguinte desse texto é um dos frutos de
toda distorção da realidade do século XXI.
Se você tem alguma crítica sobre esse texto, algo que
agregue e seja inteligível, receberei e analisarei com muito carinho e atenção.
Sou Paulo Magalhães,
Economista formado pela UniFMU, pós-graduado em Administração Financeira pela
FEI-SP e Corretor de Imóveis Habilitado pelo CRECI-SP.
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